domingo, 8 de outubro de 2017

PELOS CAMINHOS DA ESCRITA – Projeto de escrita criativa, Aida Lemos e Elisabete Gonçalves (organização)

O livro que acabei de ler não pode ser encontrado numa livraria. Não por falta de qualidade, mas por não ter sido escrito com esse propósito. E é precisamente o objetivo dessa escrita, que podemos antever pelo título, que me convida a refletir.
Imagine duas escolas, uma do Minho, outra do Algarve. Agora pense em quatro turmas, duas em cada instituição. Considere que durante um ano letivo essas turmas se contactam. Primeiro fazem-no por carta e depois em duas visitas de estudo, nas quais cada grupo se conhece e dá a conhecer a sua terra. E agora, se ainda não se cansou de imaginar, suponha que as quatro turmas concebem, não um, mas dois contos que haveriam de compor entre o mar verde do Gerês e o mar azul do algarve.
Se tudo isto lhe parece pouco provável, ou de difícil concretização, pense de novo, pois as escolas Secundária de Barcelinhos e Secundária de Albufeira levaram avante o projeto que acabei de sintetizar, dele resultando este livro com dois contos que acabam de me maravilhar.
O primeiro, Mergulhando no verde mar do Gerês, iniciado no norte, sob a orientação da professora Elisabete Gonçalves e continuado a sul, sob a orientação da professora Ana Casimiro, é claramente inspirado na viagem dos alunos envolvidos no projeto à serra do Gerês. Ali se narra uma fascinante aventura, com recurso a um leque variado de recursos linguísticos,  evidência de conhecimentos literários e interessantes referências intertextuais.
O segundo, No ar um aroma a alfazema, iniciado em Albufeira sob a orientação da professora Fernanda Lamy e finalizado em Barcelinhos pelos alunos da professora Aida Lemos, tem como cenário uma praia do Algarve, onde a ocorrência de um crime vai envolver o leitor numa vertiginosa aventura, “mãos dadas” com o detetive que se vê a braços com um serial killer.
E foi um prazer ler estes dois contos, que me conseguiram prender a uma leitura quase sem interrupções.
Mas, como professora que sou, admirei sobretudo “o espírito inquieto” das minhas colegas, a capacidade de se envolverem numa viagem que abraçou o norte e sul, conduzindo os alunos à descoberta de novos percursos.
Parabéns! Adorei.      
Soni Esteves, outubro de 2017



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