Não sei dançar, mas sempre admirei a liberdade que vejo nos
movimentos de quem dança. Sinto que essa liberdade, saída do gesto, invade a
pessoa toda, para inventar um instante (im)possível de plenitude. O que eu vi
ontem na Gala NEE,d FOR DANCE foram instantes desses, oferecidos por crianças e
jovens tão especiais quanto os momentos proporcionados.
Assisto a estas galas desde o seu início, tenho de fazer esta
declaração de interesses - há uma bailarina em especial que há quinze anos roubou
um cantinho do meu coração. Mas ainda
que assim não fosse, acredito que o fascínio deste bailar por inteiro haveria de tomar conta
de mim. Pressente-se a entrega toda feita de generosidade e amor destas
crianças, destes jovens de muitas idades, que conquistam o palco, à medida que
a música toma conta deles. Sim, eles dão
tudo aquilo que podem dar, e é tanto que não posso deixar de me comover.
Este ano, a multiculturalidade deu mote aos sons e ao colorido das
vestes, tornando mais plural um espetáculo tão único nas suas diferenças, tão
único no seu alcance. Havia em cada gesto uma história de superação para
contar, e eu emocionei-me, uma vez mais, ao ler-lhes o sentido no conjugar dos movimentos e nos
rostos felizes dos protagonistas deste espetáculo maior.
Bem-haja, também, aos que dão de si por causas assim, esses sim,
tornam o mundo um lugar onde apetece viver.
Soni Esteves, julho de 2018

Sem comentários:
Enviar um comentário