Tenho o sonho de não perder os sonhos, de guardar em mim a
capacidade de confiar, de acreditar, mesmo que saiba que o humanismo, a
compaixão, o respeito ou a justiça não se decretam. Mesmo que esses valores me
pareçam demasiado grandiosos para caberem inteiros nos corações humanos. Mesmo
que a evidência mostre que o coração dos homens está tomado por coisas
minúsculas, como o poder, o dinheiro, ou a ambição... e mesmo sabendo que estes
são como esponjas, pois quando regados, incham e ganham espaço.
Não consigo compreender - proclamada que foi a DECLARAÇÃO
UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS, faz hoje, precisamente, 68 anos - a existência
de 80 pessoas tão ricas quanto 50% do planeta; o facto de crianças nascerem,
viverem e morrerem sem nunca terem conhecido outra realidade que não a de um
campo de refugiados; como tanta gente vive em cenário de guerra; gente que anda
quilómetros em busca de água; gente que morre de fome…
Que posso fazer? Não sei! Só sei que não posso fingir que tudo
isso se passa numa outra vida, num outro mundo, quando a verdade é que tudo
acontece à minha porta, no mesmo planeta que é a casa de todos nós. Felizmente
que ainda temos o direto à indignação, não apenas neste dia, mas em todos, e temos
também o dever de lutar pela mudança, cada um com as suas armas, individuais ou
coletivas. E há uma ao alcance de todos, é poderosíssima, inesgotável e grátis,
só precisamos de saber usá-la… é o amor, nas suas infinitas vertentes.

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