No dia 25 de abril de 1974, soube, pela manhã, que estava uma
revolução em curso, no entanto, fui para as aulas como nos outros dias.
De repente, as aulas foram suspensas, o diretor foi suspenso,
parecia que a vida, tal como a conhecíamos, estava suspensa. Lembro-me das
pessoas na rua, dos militares, dos cravos, e lembro-me de pensar que, um dia, os
livros de História falariam daqueles acontecimentos que então se viviam.
No 1.º de maio seguinte, eu quis juntar-me à festa do dia dos
trabalhadores que, pela primeira vez, vi nas ruas. Não me deixaram, “ainda és
uma criança”, disseram-me. E era, mas não sabia, e por isso me zanguei. De que
me servia a Liberdade se não podia vivê-la?
Não percebia, ainda, o alcance dessa palavra, que eu conhecia
de a viverem os pássaros que os putos não reclamavam dos ninhos.
Eu não sabia que viver em liberdade não significa viver a Liberdade.
E que esta é uma conquista pessoal e permanente. E é por isso que 43 anos
depois, eu aprendo, todos os dias, a Liberdade. E quanto mais viajo, quanto
mais leio, e quanto mais conheço, mais Livre me sinto.
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