quarta-feira, 31 de maio de 2017

Não me despeço da escola, deixo apenas uma cadeira

Sempre me farão falta as viagens.
Sempre me farão falta as paragens, as bermas, os portos e os cais.
Sempre me fará falta o tempo suspenso do repouso,
O calor da permanência,
O tempo dos sonhos que ousei…

Mas sempre me fará falta o grito a nascer-me no peito, a ditar a hora do voo.
Sempre me farão falta as partidas,
A cor do desejo e do ensejo, o sabor a sal das despedidas.
Ninguém está senão de passagem
E eu acabei de estender a asa para um voo.
Voo de mãos livres, a bagagem há muito que a fiz,
Levo o que aprendi e o que amei.

Mas sempre me farão falta as pessoas,
E por elas permaneço no meu voo rente ao chão que se faz céu.
Permaneço enquanto houver dias em que acontece primavera,
Os bastidores de um palco,
E as palavras de quando a festa é poesia.
Enquanto uma aula fizer valer um dia,
Enquanto houver perguntas que desafiem a minha solidez e me levem ao encontro do infinito, Eu permaneço.

Sempre me farão falta as pessoas, e eu sei que estarão comigo as que sempre estiveram.
Até já, até sempre.


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