São quatro volumes. O primeiro foi-me emprestado por uma
amiga (por isso não consta na fotografia), os outros três foram-me oferecidos,
também por amigas.
Vivi com estes livros uma história de paixão. Aquilo que mais
me fascinou nesta tetralogia foi, talvez, a força das personagens. Há muito que
não lia assim, com esta urgência, sem intercalar com outras leituras, o que geralmente
faço. O desenho poderoso de Lina e Lenu, as duas amigas que dão corpo à
narrativa e são fio condutor de toda a trama, entraram-me pela vida dentro,
interromperam-me sonos, fizeram-me suspender tarefas, esquecer horários,
relativizar prazos.
As duas meninas que se fazem adolescentes e depois mulheres,
ainda em tempo de o não serem, vão
envelhecendo, no cenário de um bairro pobre de Nápoles onde nasceram na década
de 1940. O bairro e a amizade que as alimentam e lhes conferem a
força que cada uma deles carrega, são os mesmos que as consomem, as dividem e
aprisionam. E não há heróis nem heroínas neste livro, as personagens vivem e
sobrevivem, enriquecem e empobrecem, são vencidos e vencedores, felizes e
infelizes, saem e regressam, são amados e odiados, admirados e desprezados.
Tudo numa vida só, profusa e alternadamente, revelando-nos uma micro sociedade
que é também reflexo de uma Nápoles à procura de um lugar numa Itália em
mudança.
Terminei a leitura de lágrimas nos olhos. Satisfação e comoção.
Este livro convida a refletir sobre a transitoriedade e irrevogabilidade do
passado e, mais que isso, confronta-nos com a nossa real idade de seres plurais,
labirínticos e em constante busca pessoal.
De ler e chorar por mais…
Soni Esteves, agosto 2017

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