segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Ler, Viajar e Revisitar


Este verão fiz uma curta viagem a Amesterdão, uma das cidades que fazia parte dos meus locais a visitar. Quando o itinerário estava acertado, escolhi o meu livro de bagagem. Faço-o sempre, não pode ser pesado e, de preferência, deverá ter alguma relação com o destino. Pareceu-me a altura ideal para reler Eu, A Puta De Rembrandt, de Sylvie Matton. 
Esse maravilhoso romance histórico, que li pela primeira vez no ano 2000, havia-me dado a conhecer muito da vida e obra do genial Rembrandt e, na altura, motivou-me para uma série de visitas virtuais a fim de apreciar muito do que no livro era descrito, nomeadamente, alguns quadros e gravuras, exibidos nas paredes dos principais museus mundiais. A autora afirma no Posfácio “no livro tudo é verdadeiro” e, de facto, é visível o magnífico trabalho de investigação, até no que toca à profundidade e generosidade de que se revestia o amor entre Rembrandt e Hendrickje Stoffels, aquela que era socialmente considerada “a puta de Rembrandt”.
Conhecer a casa onde o pintor viveu, sofreu e amou, entrar, espaço a espaço, dos mais aos menos íntimos, confirmar o desenho das paredes, dos móveis, dos livros, os cheiros das tintas, das gravações... foi quase entrar no século XVII para revisitar um espaço querido. Por outro lado, a cidade, embora preservando casas, pontes e outras construções da época, alterou-se substancialmente, relativamente ao descrito.  Felizmente, nada do cheiro podre dos canais, dos ratos, da peste, da morte e da mísera mesquinhez dos códigos sociais. Amesterdão é uma cidade limpa, bonita, moderna e imensamente acolhedora.
E fica-me, mais uma vez, a sensação de que viajar é a melhor forma de conhecer o mundo, de ontem e de hoje, mesmo quando a viagem se faz apenas num livro.

Soni Esteves, setembro de 2018



Sem comentários:

Enviar um comentário