sábado, 17 de agosto de 2019

A catedral do mar, Ildefonso Falcones

Terminei a leitura de A Catedral do Mar no areal de uma praia em Vila de Conde. Melhor sítio só mesmo em Barcelona, cenário deste magnífico romance histórico de Ildefonso Falcones.
A idade média sempre foi uma época de fascínio para mim, desde cedo alimentada pelas histórias de príncipes e princesas, florestas encantadas, fadas, bruxas e mistérios. Mais tarde, os romances de cavalaria, ou as cantigas de amor e de amigo haveriam de apaziguar o lado mais negro de uma época em que nem tudo foram histórias de um amor cortês.
Mas se algum romantismo acerca dessa fase da história europeia ou peninsular sobrasse em mim, este livro destrui-la-ia, inexoravelmente.
A crueza de uma guerra que se faz corpo a corpo; a fome que mora em quase todas as casas para que o luxo e o excesso vistam e alimentem a vaidade e a crueldade de outros; o dinheiro a ganhar terreno aos títulos e a alimentar o egoísmo  de uma burguesia ascendente; a génese dos mercados e dos seguros; o cheiro a pobre e a sangue nas vestes de quem luta e trabalha sem nunca ter nada de seu; a dor de quem rasteja, literalmente, aos pés do seu senhor; a cobiça e a bondade, a lealdade e a traição, a sede de vingança e a fome da destruição; a cor e o odor da peste; os judeus, a judiaria e o difícil convívio com os cristãos, num tempo de mitos e intolerâncias; a feridade da inquisição; a dor da perda, a dor de todas as perdas; a paixão, o amor e a amizade, sempre, apesar de tudo... Está tudo ali, numa Barcelona do século XIV, onde o ponto em que se cruzam as várias personagens coincide com o tempo da edificação da catedral de Santa Maria del Mar.   
Agora, sim, vou ver a série homónima da Netflix, mas, com certeza, o livro será melhor. É sempre melhor!
Soni Esteves, agosto de 2019


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