quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

DISSERTAÇÃO ESCUSADA SOBRE AS ÁRVORES, de José Ilídio Torres

Sou, como tantos e tantas, uma leitora de intermitentes vontades. Ora pego num livro e nele mergulho de um folgo só, ora me deleito em breves viagens, até que surja a palavra, a frase, a passagem, que me faça ler como se não houvesse amanhã e o meu destino se cumprisse ali, naquelas páginas.
Dissertação escusada sobre as árvores, de José Ilídio Torres, não foi o primeiro livro de um amigo que que li, sei como é, a princípio estranha-se, falta-nos distanciamento, espreitamos por detrás das metáforas, à espera de um rosto, um gesto, uma emoção. Depois a leitura flui e a palavra impõe-se. Assim aconteceu, e no final do primeiro poema estava “aparelhado o barco da ilusão”.
Li-o como não costumo ler livros de poesia, de uma assentada. Repeti versos, estrofes, poemas inteiros, e a cada leitura um novo olhar, a reinvenção das palavras que outro escreveu.
Apetecia-me ter escrito alguns daqueles versos, Ilídio, há neles a força vital do poeta, a renúncia da vil servidão, da desumanização, do conformismo… há denúncia, raiva, e luta. E há solidão, decadência e feridas abertas… há vida, enfim, porque não existem eufemismos capazes de a definir, tal como é! Ainda assim, sobra sempre a poesia, pois é na poesia que vivem todas as esperanças e toda a liberdade!
Perdoa, José Ilídio, a minha leitura, mas o poema é também de quem o lê.





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