segunda-feira, 9 de março de 2020

O sol escondeu-se, hoje

Se eu soubesse que breve partias, teria tardado a mão no afago que embalava a cada noite o teu adormecer.
Acordar-te-ia, depois, uma e outra vez, só para poder embriagar-me no amor vertido do teu olho único.
Se eu soubesse que partias breve, ter-te-ia estreitado num longo e forte abraço, até que soltasses um latido, como quem pede tréguas numa uma batalha de amores contentes.
Se eu soubesse... ter-me-ia sentado  contigo ao sol, na tua última manhã, e quem sabe  a tarde não acontecesse e a noite não doesse tanto.
Mas não sabia e... melhor assim... pudemos viver contigo na leveza irrefletida de quem acredita serem eternos os momentos felizes.
E por entre o frio que agora mora  em mim, só uma ideia me conforta... a de que soubeste sempre que todos os nossos gestos se conjugaram com o verbo amar.
Não digo adeus, Quiky, porque ainda não foste embora... nunca irás embora.



1 comentário:

  1. Compreendo a tristeza e a emoção de ver partir um companheiro fiel. Já vivemos sentires semelhantes e resta-nos a certeza de que lhes demos todo o amor, embora tenhamos sempre ficado em débito relativamente à sua fidelidade e às alegrias que nos dão, ao amor incondicional e à confiança que nos entregam.

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